Aparentemente um breve pensamento
Estradas sempre tiveram um efeito bom em mim, pacificador talvez, uma sensação absoluta de que eu pertenço a um lugar, por mais que o lugar em questão esteja passando a dezenas de kms/h por mim. Quando criança eu não sabia explicar o porquê de me sentir assim, mas felizmente já me conheço o suficiente pra saber que o simples movimento em direção a um lugar diferente me faça sentir bem, simples assim. Como se meu corpo soubesse estar no lugar certo, fazendo o certo, sem de fato estar em um local em si.
Hoje aprendi a usar as estradas como uma terapia, se algo me preocupa, gosto de ir para a estrada mais próxima, pedir carona pra alguma cidade. De uma forma engraçada, isso me cura.
Los Caracoles
Eu como um bom brasileiro, nunca tinha visto neve, e meu contato mais alto com grandes altitudes imagino que tenha sido a serra gaúcha. Resultado disso é eu ter encarnado um turista típico e, retardamente, ter tirado centenas de fotos durante o caminho lindíssimo que liga Mendoza e Santiago.
#1: A divisa entre Argentina e Chile, aonde fica a aduana, fica em um lugar alto (como não poderia deixar de ser, no meio de uma cordilheira, esperto!), e como precisamente contam livros com informações inteligentíssimas sobre clima e tudo mais, de fato, é frio. Repito, frio! Sair de camiseta é rigorosamente não recomendado.
Típico brasileiro retardado passando frio na aduana. |
#2: Além das pessoas empolgadas (como eu), que nunca tinham passado pela cordilheira antes, crianças também ficam empolgadas, e elas tendem a se jogar na janela, mesmo que elas estejam sentadas no corredor. Essa prática acaba por ser um tanto quanto desagradável pro infortunado que estiver sentado na janela em questão. (Passei 9 horas com uma criança me batendo)
Eu provavelmente tinha outras considerações, mas parece interessante largar uma overdose de montanhas agora (clique pra ampliar), ressaltando que todas foram tiradas em um veículo em movimentos de zigue-zague, extremamente perigosos e emocionantes (não vem ao caso):
P.S.: Deixo registrado aqui que, na Cordilheira dos Andes, foi o local exato (ok, nem tão exato) de maior altitude onde eu tenha urinado, até então. (Isso fazia sentido na minha cabeça.)